quarta-feira, 4 de julho de 2018

"Jesuses" Quantos Jesus apareceram na história?

Josefo, historiador judeu do primeiro século, menciona nada menos que dezanove diferentes Yeshuas/Jesus, cerca de metade deles contemporâneos do suposto Cristo! Em seu livro Antiguidades, dos vinte e oito sacerdotes que ocuparam o cargo a partir do reinado de Herodes, o Grande, até a queda do Templo, nada menos que quatro tinham o nome Jesus: Yeshua ben Fiabi, Yeshua ben See, Yeshua ben Damneu e Yeshua ben Gamaliel. Até Paulo faz referência a um mágico rival, pregando 'um outro Jesus' (2 Coríntios 11,4). O amontoado de "Jesuses" antigos inclui: 
Yeshua ben Sirach. Este Jesus era tido como o autor do livro de Eclesiástico, ou a Sabedoria de Jesus o Filho de Sirach, um dos livros apócrifos do Antigo Testamento. Ben Sirach, escrevendo em grego em cerca de 180 AC, juntou sabedoria judaica e heróis de estilo homérico. 
Yeshua ben Pandera. Um fazedor de milagres da época do reinado de Alexandre Janeu (106-79 aC), um dos reis macabeus mais cruéis. Imprudentemente, este Jesus começou uma carreira de agitação e profecias sobre o fim do mundo que acabou irritando o rei. Foi morto sendo pendurado em uma árvore - e na véspera de uma Pessach (Páscoa judaica). Os estudiosos têm especulado que este Jesus fundou a seita dos essênios.
Yeshua ben Ananias. A partir de 62 DC, este Jesus causou inquietação em Jerusalém com uma ladainha apocalíptica incessante de 'Ai, ai da cidade'. Ele profetizava vagamente:
"Uma voz do Oriente, uma voz do Ocidente, uma voz dos quatro ventos, uma voz contra Jerusalém e a casa do santuário, uma voz contra os noivos e as noivas, e uma voz contra todo o povo."
- Josefo, Guerras 6.3
 Preso e açoitado pelos romanos, Jesus ben Ananias foi solto por não ser considerado perigoso, apenas um louco. Ele foi morto durante o cerco de Jerusalém por uma pedra arremessada por uma catapulta romana.
Yeshua ben Safate. Na insurreição de 68 DC que trouxe o caos à Galileia, este Jesus liderou os rebeldes em Tiberíades ("o líder de um tumulto sedicioso de marinheiros e pessoas pobres" - Josefo, Vida de Flávio Josefo 12.66). Quando a cidade estava prestes a ser dominada pelos legionários de Vespasiano, ele fugiu para o norte para Tariqueia no Mar da Galileia.
Yeshua ben Gamala. Durante 68/69 dC este Jesus era um líder do 'partido da paz' na guerra civil que arrasava a Judéia. Nas muralhas de Jerusalém ele protestou contra os idumeus que estavam ali sitiando a cidade (liderados por 'Tiago e João, filhos de Susa'). Não foi bom para ele. Quando os idumeus passaram pelas muralhas ele foi condenado à morte e seu corpo jogado aos cães e aves de rapina..
Yeshua ben Tebute. Um sacerdote que, na capitulação final da cidade alta em 69 DC, salvou sua pele entregando os tesouros do Templo, que incluíam dois candelabros sagrados, cálices de ouro puro, cortinas sagradas e vestes dos sacerdotes. Esses objetos figuraram com destaque no arco triunfal erguido para Vespasiano e seu filho Tito.
O problema com essa noção é que absolutamente nada corrobora a biografia sagrada e ainda essa 'maravilhosa história' é salpicada com inúmeros anacronismos, contradições e absurdos. Por exemplo, no momento em que José e Maria, então grávida, teriam ido a Belém para um suposto censo romano, a Galileia (ao contrário da Judeia) não era uma província romana e, portanto, papai e mamãe não teriam nenhuma razão para fazer a viagem. Mesmo que a Galileia fosse território imperial, não se conhece nenhum 'censo universal' ordenado por Augusto (nem por nenhum outro imperador) - e os impostos romanos eram baseados em propriedades, não em número de pessoas. Além disso, hoje sabemos que Nazaré não existia antes do século II.
Nazaré não é mencionada nem no Antigo Testamento e nem por Josefo, que travou uma guerra ao longo de todo o comprimento e largura da Galileia (um território do tamanho da Grande Londres) e ainda Josefo registra os nomes de dezenas de outras cidades. Na verdade a maior parte da história de Jesus acontece em cidades de origem igualmente duvidosa, em vilas tão pequenas que só cristãos partidários sabiam de sua existência (no entanto, cidades pagãs bem documentadas, com ruínas até hoje existentes, não fizeram parte do itinerário de Jesus).
  1. O que deve nos alertar para falsificação grosseira aqui é que praticamente todos os acontecimentos da suposta vida de Jesus aparecem na vida de figuras míticas de origem muito mais antiga. Se falamos de nascimento milagroso, juventude prodigiosa, milagres ou curas maravilhosas - todos esses 'sinais' tinham sido atribuídos a outros deuses, séculos antes de qualquer homem santo judeu passear por aí. As supostas declarações e ensinamentos de Jesus são igualmente lugar-comum, tendo sido tiradas das escrituras judaicas, filosofia neo-platônica ou comentários feitos por sábios das escolas filosóficas estóica e cínica.
Assista o vídeo abaixo:

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